"Então, eu vi as cores do mundo" Guimarães, o Rosa.

quinta-feira, abril 06, 2006

Diário de uma demitente.

Parte II : O amigo

Hoje fui lá falar com o “Sr O” sobre a minha saída, tive que pedir segredo de Estado, quis avisá-lo de antemão para que nossa despedida não fosse aos atropelos, porque uma coisa desse tipo nunca daria certo para nós dois. Eu sou, apesar dos momentos de fúria, muito calma e ele é a paz. Nossa conversa é feita de muitos silêncios, geralmente falo pouco, sei que ele tem muita coisa para me ensinar (agora isso parece mais urgente), algumas vezes ganho um passe, ou como ele diz, nós equilibramos nossa energia. Temos que agradecer quando essas pessoas cruzam nosso caminho, ele é espírita e por isso diz que ainda vamos nos encontrar, tomara.

Ele disse estar preocupado comigo, preocupado por pensar que não conseguiu incutir em mim a necessidade de olhar com mais atenção o lado espiritual da vida. Disse que não posso me esquecer disso, que tenho que usar um pouco do meu tempo, nem que seja para ler alguma coisa apenas por curiosidade. Apenas acenei com a cabeça, sei que ele está certo, isso faz falta, sempre faz falta.

Estava aqui tentando controlar a distração (tenho feito muitas cacas por causa dela), é...não consegui, rs, achei melhor fazer algo útil com esse tempo e vim postar (útil pra mim, não pra empresa), ia começar dizendo que estávamos falando sobre demissão e direitos trabalhistas e de repente o assunto já era o julgamento de Sócrates, risos, adoro conversar com ele.

Isso com certeza vai fazer falta.

segunda-feira, abril 03, 2006

Semana passada foi a primeira vez que ouvi Astor Piazzola tocando Otoño Porteño, e logo percebi o quanto estava com saudade, sim da música e dele tocando, uma saudade imensa. E doeu o peito e uma tristeza (das boas) que logo foi embora, pois quando a música se abre é como estar em uma alameda forrada de folhas, com vento frio batendo no rosto num desses fins de tarde.